ABRA-SE PARA NOVAS IDÉIAS -
Nunca pare de aprender e de se adaptar. O mundo está sempre mudando. Se você se limitar àquilo que sabia e com que você se sentia à vontade em outra época da vida, irá se isolando à medida que envelhecer e sentindo cada vez maior frustração com as circunstâncias à sua volta.
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Era um casal na faixa dos oitenta anos. Eu tinha uma relação de amizade com a família e por isso convivi muito com eles. Na grande mesa de refeição que reunia filhos e netos aos domingos, o contraste entre os dois era flagrante.
Ela, atenta ao que se dizia, curiosa em ouvir histórias e opiniões, em entender o que se passava no mundo, às vezes escandalizada com a linguagem dos jovens, mas colocando seus limites sem censurar. Ele, desinteressado, emburrado mesmo, porque ninguém prestava atenção a suas histórias, contadas e recontadas centenas de vezes.
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Eu soube que ela mantinha um diário e que, tendo dificuldade para escrever à mão, fizera um curso de computador e digitava diariamente suas experiências e o que se passava na família. Estava descobrindo a Internet e se maravilhava viajando na tela. Os netos vinham visitá-la durante a semana e, com gosto, contavam suas histórias. Ele era ouvido com tédio e condescendência, pois estava fechado para escutar, para aprender, para descobrir, apegado a um passado que lhe dera segurança. Começava a morrer em vida.
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Mas não é preciso estar na faixa dos oitenta para que isso aconteça. Há pessoas razoavelmente jovens aferradas a seus hábitos, idéias, valores, "donas da verdade", surdas às idéias e argumentações que possam contestar seus dogmas, centradas em si mesmas e despidas de qualquer curiosidade em relação à novidade com que o mundo constantemente nos presenteia. Estão preparando um envelhecimento precoce e condenando-se a uma melancólica solidão.
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Em pesquisas realizadas com americanos idosos, a satisfação estava mais relacionada à capacidade de adaptar-se do que às suas finanças ou à qualidade de seus relacionamentos. Se estivessem dispostos e abertos para mudar alguns de seus hábitos e expectativas, sua felicidade se manteria mesmo que as circunstâncias mudassem. Aqueles que eram resistentes às mudanças e que se fechavam para o novo tinham chances inferiores a um terço de se sentirem felizes.
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Clark, Carlson, Zemke, Gelya, Patterson e Ennevor, 1996
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CONCENTRE-SE NAQUILO QUE É REALMENTE IMPORTANTE PARA VOCÊ
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Ninguém quer que suas pessoas queridas sofram qualquer mal, mas é preciso deixá-Ias viver suas vidas e passar por suas experiências. Ficar o tempo todo se preocupando e tentando impedir que façam aquilo que desejam é um risco: aqueles que protegemos não desenvolverão seus próprios recursos e mecanismos de defesa, não crescerão aprendendo com as experiências e nós ficaremos incessantemente preocupados.
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Na rua onde moro vivem duas famílias com crianças pequenas. O comportamento de cada uma em relação aos filhos ilustra bem o que quero falar sobre superproteção. Na primeira, as crianças são cuidadas, protegidas de perigos, mas têm espaço para criar seus próprios jogos, inventar suas brincadeiras, convidar os amiguinhos de escola, às vezes ir dormir na casa de algum deles. São crianças alegres, soltas, comunicativas, capazes de achar graça nas pequenas diversões.
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Se acontece algum problema, o pai conversa com os filhos, procurando fazê-Ios entender o que aconteceu e, se for preciso, colocando limites.
Na segunda, as crianças são sufocadas pela superproteção: seus horários são absolutamente preenchidos pelos pais com aulas de todo tipo, não são deixadas sozinhas em nenhum momento, não podem freqüentar a piscina dos vizinhos, as roupas que usam em qualquer ocasião são escolhidas pela mãe e em hipótese alguma dormem fora de casa. São fechadas, desconfiadas, e eu as vejo olhando as brincadeiras das outras com visível desejo de participar, mas sem ter coragem ou permissão para fazê-Io.
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Pesquisas realizadas com milhares de pais e mães mostraram um menor nível de felicidade nos que tinham um comportamento superprotetor. A energia e o tempo gastos por causa das preocupações tiravam-nos de outras atividades prazerosas e causavam um nível mais alto de estresse, além de prejudicar seus filhos.
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Voydanoff e Donnelly, 1998
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