segunda-feira, 7 de julho de 2008

Respeitar o outro.

Dissertação de Mestrado - USP'A moral e os costumes que dão cor à vida, têm muito maior importância doque as leis, que são apenas umas das suas manifestações. A lei toca-nos por certos pontos, mas os costumes cercam-nos por todos os lados, eenchem a sociedade com o ar que respiramos.'

· Toda ação repetida gera hábito.
· O hábito muda o caráter.
· O caráter muda a existência.
· 'Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível'

Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da 'invisibilidade pública'. Ele comprovou que, emgeral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não estábem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social.
Plínio Delphino, Diário de São Paulo.

O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme etrabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo.Ali, constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são'seres invisíveis, sem nome'. Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da 'invisibilidade pública', ou seja, umapercepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisãosocial do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa.

Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia osalário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve amaior lição de sua vida:

'Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência', explica o pesquisador.

O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano. 'Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão', diz.

Apesar do castigo do sol forte, do trabalho pesado e das humilhações diárias, segundo o psicólogo, são acolhedores com quem os enxerga. E encontram no silêncio a defesa contra quem os ignora.

[Janusy Alencar por E-mail]


3 comentários:

  1. Nossa!! Gostei demais desta história. Até fui pesquisar mais no Google. Eu não sabia a história do rapaz...

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  2. Mandei pro teu email a mensagem completa!

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  3. Obrigadinha!!
    Quando eu vi para os EUA para estudar na BYU peguei um emprego lá dentro da escola para limpar alguns escritórios à noite. Eu achei a idéia estranha mas eu realmente precisava do dinheiro. Quem me ensinou o trabalho foi um advogado que também estudava na BYU. Ele estava tentando melhorar o inglês para fazer o mestrado lá. Meus amigos de trabalho eram todos estudantes da BYU: americanos ou estrangeiros. E ninguém tinha vergonha do que fazia. Às vezes nós encontrávamos pessoas ainda trabalhando no escritório e ainda que eles fossem diretores de algum setor e gente importante eles sempre conversavam conosco, diziam que podíamos pegar doces na cozinha, etc.
    Depois daquele trabalho eu realmente aprendi que todo mundo tem uma vida, não importa qual trabalho estejam fazendo. Todos têm sentimentos e metas que desejam alcançar nesta vida...

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